O sujeito na nova sociedade: nova ansiedade e novos terapeutas

Palavras-chaves: sujeito, ansiedade, psicanálise.

Keywords: subject, anxiety, psychoanalysis.

ONDE ESTÁ O SUJEITO?

Momento

Na rua Macapá, 187, bairro do Sumaré, São Paulo, fica a Casa Guilherme de Almeida – Centro de estudos de Tradução Literária (http://www.casaguilhermedealmeida.org.br/). Trata-se do agradável recanto, a “Casa da Colina”, que foi residência do “Príncipe dos Poetas Brasileiros” (1959), de sua esposa e seu filho, e que hoje se presta a um importante trabalho de manutenção e disseminação da memória e da cultura literária que nos ofereceu esse grande poeta e estudioso. Com inúmeras e ricas peças do mobiliário original, obras de grandes artistas plásticos seus contemporâneos, e livros de toda ordem, segmentos e línguas, a casa semelha um momento de tempo parado, à sombra de abacateiro e mangueira, esperando outro tempo chegar. E nesse ínterim haveria, como por certo houve, tempo de viver, de se conversar olhos-nos-olhos, de refletir profundamente, e de perceber o mistério da vida no significado do pouco, do detalhe, num ritmo de encompridamento e valorização do tempo. A fotografia caseira do casamento de Guilherme e Belkiss (Baby), cercados por tantos amigos, grandes intelectuais e artistas da época, seguramente barthesiano na composição, studium e punctum a uma só vez, nos autoriza a pensar que, naquela relação entre si e com o tempo, e com clareza de um futuro revolucionário por realizar, como a Semana de Arte Moderna de 1922, da qual Guilherme foi um dos realizadores, nenhum deles tenha sofrido de ansiedade… Será que pode ser ansioso esse homem que enxerga por entre as dobras do tempo, intima e peculiarmente, nos volteios da faiança portuguesa, como registrado no poema abaixo:

Natureza morta

Na sala fechada ao sol seco do meio-dia 

sobre a ingenuidade da faiança portuguesa

os frutos cheiram violentamente e a toalha é fria

e alva na mesa.

Há um gosto áspero de ananases e um brilho fosco

de uvaias flácidas

e um aroma adstringente de cajus, de pálidas

carambolas de âmbar desbotado e um estalo oco

de jaboticabas de polpa esticada e um fogo

bravo de tangerinas.

E sobre esse jogo

de cores, gostos e perfumes a sala toma

a transparência abafada de uma redoma.

Publicado originalmente no livro Meu, 1925, e em ALMEIDA, Guilherme de. Toda a poesia. 2ª. ed. São Paulo: Livraria Martins, 1955, v.4., p. 137-138.

Reflexão – marco teórico

Por mais que muitos não o queiram, vive-se em sociedade. Tal prática, universal, seria decorrente de uma “natureza” humana: nosso gregarismo, por questões de sobrevivência e de estratégia (de produção e de prazer). O “caráter” das sociedades é função do tempo (história) e do local.

No mundo líquido (Zygmunt Bauman), onde flutua a sociedade ocidental atual, a subjetivação vai sendo moldada por novos e poderosos fatores psico-sócio-político-econômicos, que já se distinguem suficientemente daqueles que operavam nos séculos XIX e XX.

Suficientemente para fazer com que novos pensamentos e análises se apresentem, como, por exemplo, os que, depois dos de Freud, Lacan, Foucault, Levinas, Derrida, Deleuze, Agamben, são agora introduzidos por Byung-Chul Han.

Nesses novos ares de observação crítica, ainda que invocando com frequência Kant, Hegel e Nietzsche, o filósofo sul coreano nos fala de uma sociedade do cansaço, irmã siamesa de uma sociedade do desempenho, cujo panóptico prescinde de um grande olho externo, porque agora o olho controlador se tornou virtual e está na própria mente de cada um de nós, em nosso arcabouço de exigências morais e de sucesso. O big brother se transforma em big data. (a pessoa deixando de ser um ser para ser um conjunto de dados… quantitativo!…). O sistema socioeconômico de produção chegou ao limite da perfeição, transformando cada humano num autômato, que se autocomanda e vigia, e persegue o tempo todo a produtividade, portanto o sucesso e o reconhecimento. O não atingimento das metas frustra, humilha, anseia e deprime. E, por essa via, se explicaria a explosão epidêmica da depressão, muito diferente de histeria e de melancolia. A âncora conceitual filosófica para isso, que nos apresenta Han, é que histeria e melancolia derivam da dimensão da negatividade, enquanto a depressão de agora se dá por via da positividade de um multifazer (multitasking) assumido e… nunca alcançado! Nesse entender, fica relativizada a célebre frase da então presidente Dilma Rousseff de que atingidas as metas (não fixadas…) o governo as dobraria. Nisso vejo muito mais, portanto, um sintoma da sociedade, manifestado por ela, do que um de seus folclóricos lapsos e trapalhadas.

Han, em suas obras, vai debulhando esses novos tempos, pós-modernidade, para onde acorrem os “avanços” tecnológicos, farmacológicos, genômicos e econômicos inimagináveis até há bem pouco. Aquele biopoder introduzido por Foucault, que se exercia em instituições como prisões, escolas, quartéis, hospitais, fábricas, normalizador do corpo, foi como que extremamente refinado e se transmutou em psicopoder, não mais irradiado a partir de um ente institucional, mas de um (cada) ente ontológico, na medida em que atua desde o próprio ser individual, sobre o “aparelho” psíquico que “comanda” suas decisões, vontades e corpo. Assim, a sociedade disciplinar, de controle, de Foucault, com seus sujeitos da obediência; a sociedade do trabalho, de Hana Arendt, conforme seu livro A condição humana, com o animal laborans, o sujeito do trabalho; a sociedade do espetáculo, de Guy Debord; a sociedade da era do vazio, de Gilles Lipovetsky, com a figura de seu hiperconsumidor; parece que, inexoravelmente, cederam lugar a essa sociedade do cansaço de que nos fala Han.

Como o psicopoder é insidioso, ele se apresenta sob uma máscara amigável, sedutora, convincente, fazendo-nos crer que somos livres… Na sociedade do psicopoder, da psicopolítica (a política da era digital), somos os agentes disciplinadores de nós mesmos, e a disciplina instaurada é a da produção, do resultado, do sucesso econômico, das metas, enfim, fixadas e ultrapassadas. Esse novo sujeito, multitarefas, já não seria de fato sujeito, no sentido mais convencional, posto que não está sujeitado a forças externas, porém internas. Há que se discutir a autenticidade e independência dessas forças internas, mas, seja como for, há uma distinção.

O “sujeito” da sociedade do desempenho é muito mais um projeto-de-si [1] do que alguém sujeitado. Trata-se aqui do você S/A, você-empreendedor-empresário-executivo, você-operador-do-próprio-destino. A multidão desses serezinhos-independentes que “constroem” suas opiniões e atitudes, gera exatamente a capacidade de produção de que o sistema se nutre e se reproduz. O mais cruel, consta ser que a falha pessoal é então atribuída ao próprio indivíduo, por todos e por ele mesmo, e assim não há mais a imagem do tirano externo contra o qual se possa lutar ou organizar movimentos coletivos de revolta. Se Deus morreu (Nietzsche), se a história acabou (Hegel, Fukuyama), se o homem morreu (Foucault), se o sujeito – como até então, pode estar em dissolução (Han) ou transição, será possível encarar nossa ansiedade derivada disso tudo e, em vez de um elemento negativo transmuta-la em combustível de propulsão para um novo ser e para um novo mundo? Deus e/ou a Natureza nos brindaram com a inteligência…

Clínica – ansiedade [2]

Anxietas no latim, ansiedade se relaciona em português com um campo de termos formado por medo, sofrimento, desejo. Trata-se de um afeto bastante desconfortável, aflitivo, que, ou não tem causa perceptível ou é determinado por algum desejo. É, portanto, a aflição acarretada pela expectativa de que algo (de bom) venha a acontecer.

É comum que experimentemos ansiedade em encontros ou atividades sociais. Momentos em que teremos que encarar o outro, teremos que assumir ou manifestar uma posição, ou uma fala, ou uma leitura, etc., podem ser imensamente ameaçadores, posto que há sempre a possibilidade, assim tende-se a acreditar, de que não nos saiamos bem.

Estar diante do outro, do enigma do outro – que é sempre um mistério, pode, de fato, causar apreensão e medo. Vários de nós experimentam um certo grau de nervosismo e timidez ao ter que se relacionar com a outra pessoa, e quando essa necessidade é pública e envolve muitos e muitas, a apreensão pode ultrapassar o limiar do patológico, causando inação e desconforto psicológico e físico.

Por exemplo, tal tipo de situação é bastante comum de acontecer quando se faz preciso falar em público, numa palestra, defesa de dissertação ou tese, etc. Aliás, é de longe a primeira queixa apresentada pelos que procuram cursos de Oratória: a reclamação do famoso “deu branco”…

Alguns denominam esta manifestação ansiosa e de retraimento de fobia social ou sociofobia. Talvez o que mais se tema nessas interações é o julgamento do outro e… sua possível reprovação (com nossa consequente perda de performance, de desempenho, de resultado). Além disso, em última instância, ser reprovado é não ser amado e isso é sempre uma ameaça ao eu. No campo orgânico, o mal-estar provocado manifesta-se por um ou mais dos seguintes sintomas: náuseas, tremores, suores frios, vertigem, taquicardia, rubor, dor de cabeça, dor abdominal (que pode evoluir a episódios de diarreia), gagueira. Dentre os sinais emocionais e comportamentais, notam-se: medo intenso, evitação do contato visual, de atrair a atenção, confusão, gesticulação, cacoetes.

Paradoxalmente, o medo, a ansiedade social, que implicariam num certo grau de recolhimento, ensimesmamento, ao contrário, por meio da já citada tecnologia da comunicação, acaba explodindo numa forma de aberta evidenciação nas redes sociais. Talvez pela mediação da tecnologia, que produz a ilusória contradição do longe-perto, uma dialética de presença-ausência simultânea, as pessoas possam se expor, a despeito do medo, uma vez que contam com o filtro à reação, isto é, dentro da interação, da interlocução, fica reservado um tempo-espaço para saber a opinião dos demais sem o risco da exposição pública presencial, embora se esteja dando publicidade a pensamentos e condutas pessoais.

Mas na Sociedade do Desempenho antes mencionada, sempre chega a hora em que o presencial se impõe e, de alguma maneira, cada um de nós precisa vender seu principal produto: que é a própria pessoa!

Destarte, algum manejo precisará ser dato à dita ansiedade, vista aqui como um fator antiprodutivo, um gargalo na produção. Para tanto, o arsenal que encontramos à nossa disposição, sem que se adentre no mérito de suas respectivas efetividades, inclui psicoterapias várias, outras terapias, abordagens religiosas e espirituais, e recursos farmacológicos.

Aplicação

No campo da Psicanálise[3] temos, então, que pensar no conjunto das habilidades necessárias a um/uma psicanalista para que possa tentar dar conta desse novo sujeito-projeto (sub-pro-iectum), sobretudo as gerações urbanas de idade inferior a 30-35 anos, quando estes se apresentarem no setting, munidos de suas identidades e demandas.

Um quesito essencial é que a pessoa que deseja exercer a atividade de psicanalista (ofício e arte) tenha passado por um curso de formação. Como se sabe, não há graduação (curso universitário) de Psicanálise. No grande campo “psi”, a graduação acadêmica existe nas áreas de psiquiatria (medicina) e de psicologia. Os cursos de formação em psicanálise, normalmente de três ou quatro anos de duração em instituições críveis e respeitadas, admitem pessoas que já são diplomadas em alguma graduação. A forma de trabalho do profissional da psicanálise é feita, basicamente, de acordo com a metodologia desenvolvida por Freud, com ajustes posteriores apresentados por vários outros autores e pesquisadores célebres, e com a adição da própria peculiaridade do/da analista, incrementada nos anos de convívio com pacientes, na continuidade de seus estudos, na particularidade do setting e na singularidade de cada encontro. O/a psicanalista exercerá seu trabalho (i) no consultório, em atendimento individual, (ii) no atendimento a grupos, em que, com o uso de seu conhecimento e vivência, procurará induzir a formação de situações acolhedoras e favoráveis para que, no grupo, os participantes possam apresentar e partilhar experiências individuais na construção coletiva de respostas e explicações para seus comportamentos, medos, angústias, aflições, (iii) atendendo demandas de instituições.

Dentre as habilidades importantes para que o/a profissional da psicanálise venha a atingir bons resultados, podemos pensar em:

  • Paciência e flexibilidade – fato categórico é que cada analisante tem seu tempo e sua linguagem para ultrapassar o “umbral” e, efetivamente, entrar em análise. A seu tempo, sem trocadilhos, o tempo do/da psicanalista é outro e ele/ela precisa sujeitar tal tempo – e seu quinhão de ansiedades, ao tempo daquele/daquela. E isso é feito pelo desenvolvimento da competência chamada paciência. O/a analista pode sim, ao longe, marcar o ritmo, mas não atravessar o compasso… Tentar acelerar o andamento pode resultar em “atropelamento” da análise, com perdas de toda ordem, inclusive a do/da paciente.
  • Empatia – que é algo como sentir no lugar de (outro), junto de. De certa maneira, pela própria etimologia, é mais do que simpatia no sentido de percepção da alteridade. É um atributo essencial para o/a psicanalista sentir-se como o/a analisante, no sentido de experimentar suas questões, assombros e medos, sem, contudo, deixar o lugar de psicanalista, o que demarca, pois, o limite para esta empatia. Se ela não existir, o processo pode sofrer de um tipo de avitaminose; se ela se der em excesso, sobrevirá uma intoxicação.
  • Sensibilidade – pode estar muito atrelada à capacidade que o/a analista precisa de não formular juízos. Ele/ela não está lá para ajuizar questões ou procedimentos do/da analisante, mas sim para perceber suas causas e mecanismos como indutores ao esclarecimento das angústias e sofrimentos. A escuta psicanalítica deve manter-se isenta de qualquer tipo de pré-juízos. Não entra no escopo da psicanálise a classificação dos casos segundo critérios éticos, morais, de costumes da sociedade. É imperativo saber e estabelecer que a análise se dá com e sobre o que aquela pessoa pensa e como ela opera, e nunca com aquilo que o meio coletivo acredita ou apregoa como norma ou correição. A confiança do analisante é fundamental no processo analítico para que possa se estabelecer o vínculo transferencial. Sabe-se muito bem que sem transferência a análise não se dá e, portanto, o tratamento fica condenado a não ter êxito. Se o paciente, para além do “suposto saber” percebe no/na psicanalista alguém que pode receber sua confiança, são criadas condições para o avanço positivo da análise.
  • Comunicação – o/a psicanalista precisa comunicar sem gerar dúvidas no/na analisante. Inquietação sim, pode até fazer parte da estratégia terapêutica, mas as informações e opiniões precisam ser claras e compreensíveis, adaptadas ao grau de instrução/conhecimento/realidade/vivência da pessoa a quem se atende. E mais: o/a psicanalista precisa, por algum meio, se certificar de que o/a analisante foi capaz de apreender e compreender suas observações. Embora a comunicação verbal, apesar de a mais importante (talking cure…) não seja a única que ocorre no processo analista-análise-analisante, ela é rica e importante demais para permitir perdas de conteúdo/contexto além daquelas que já normalmente ocorrem na comunicação entre as pessoas.
  • Compromisso de se submeter à própria análise e supervisão – é essencial que o/a psicanalista se submeta à própria análise. Ser analista é, necessariamente, ser também analisante. Reconhecer as limitações e medos próprios ao lidar com seu/sua paciente remetem qualquer analista diretamente ao divã de outro/outra profissional da própria área. Não há como escapar disso. Acresça-se, ainda, a necessidade imperiosa de que o/a psicanalista recorra com repetição à ajuda de supervisão, alguém por certo mais experiente, com quem possa repartir aspectos, detalhes, facetas, dos processos analíticos de seus/suas analisantes. Alguém que confronte as teses que andam em elaboração, praticando uma tão imprescindível dialética, que desacomode o/a psicanalista e faça com que ele/ela mergulhe ainda mais nas espirais do raciocínio, da teoria, da metapsicologia. Trata-se de um trabalho árduo e sem fim.
  • Disposição de pesquisar e se atualizar – a psicanálise é um saber em permanente e interminável construção. Novos textos aparecem com elevada frequência. Países como França, Itália, Espanha, Alemanha, Inglaterra, Estados Unidos, Argentina e também Brasil (e até a China tem-nos surpreendido agradavelmente), são centros de alta produção de conhecimento psicanalítico. Ler e pesquisar constantemente são favorecedores para a clínica do/da psicanalista, por lhe proporcionar cada vez mais embasamento para intervenções e encaminhamentos que, de fato, beneficiem o/a analisante. Sublinhe-se, ademais, que tal ler e pesquisar se estende também para fora do estrito campo psicanalítico. Ou seja, o/a psicanalista é sempre uma pessoa do seu tempo, e de todos seus fatos e nuances precisa estar sabedor, posto que analisantes vêm do mundo que está fora do setting e por esse mundo é que têm a subjetividade formada e/ou afetada.

Súmula

Se Freud nos presenteou com uma larga avenida em direção a um maior e melhor conhecimento do que somos, ancorado muito bem que estava nas patologias mentais de seu tempo e em seu entorno sócio-político-econômico, é bem verdade que, se nos é indispensável passar por toda a sua vasta obra, que além do mais é extremamente gratificante por conta do texto qualificado e elaborado, temos hoje que investir pesadamente numa espécie de contínuo autodidatismo a fim de que, com os autores atuais e pela própria reflexão, possamos compreender as marcas das novas patologias do psíquico e do comportamental, induzidas por esses tempos de uma forma de dissolução do tecido social e de exacerbação de tudo que vem da ordem do individual, do narcísico, para que se receba e acolha o analisante e suas novas ansiedades, angústias, de tal modo que se possa estabelecer um diálogo (da talking cure para a talking care…) entre as bases para o que se pensava na virada dos séculos 19/20 e a realidade hiperdinâmica, turbodinâmica, do que se passa nas ruas das grandes cidades do mundo de hoje.

Notas

[1] PROJETO: Uma das frases famosas de Julio César é “Alea iacta est”, ou seja, “os dados foram jogados fora”. Nesse caso, a sorte já foi jogada (iacta est), mas o que acontece antes? Bem, está em projeto, isto é, proiectus, derivado do verbo prociere, do latim pro (para frente, mais adiante) e iacere (lançar) que por apofonia resulta em proiectum. Então o projeto é, literalmente, lançar para a frente, no futuro. Daí as palavras: Projeto – Jogue para frente com força. Projeção – Ação e efeito (-ção) de projeção. Projétil – Corpo disparado por uma arma de fogo. Projetor – Aquele que joga imagens para frente, contra uma tela. O verbo iacere nos deu a palavra para jogar, descartar, segurar, injetar e ejacular. Outras palavras formadas com Ictus incluem: Abuso – Desprezível. O prefixo ab indica separação ou retirada. É algo que nos incomoda tanto, que o jogamos fora. Objeto – Interposto colocado na frente ou contra. O prefixo ob- indica confronto ou oposição. Jornada – Espaço que pode ser percorrido de um lado para outro (trans). Essas palavras nos chegam pela via culta. Por via patrimonial, a semiconsoante –i– passa para –j-, e o grupo -ct- muda para -t-. Então temos: adjetivo (de adiectivus), objeto (de obiectus) e sujeito (de subiectare). http://etimologias.dechile.net/?proyecto

[2] ANSIEDADE: do latim anxietas, anxietatis, qualidade ou estado do adjetivo latino anxius (angustiado, ansioso). Este adjetivo relaciona-se com o verbo angere (estreitar, oprimir), de cuja raiz também vêm outras palavras de origem latina como ânsia, angina, estreito, angústia. Tudo remontaria à raiz indo-européia angh, que significa estreito ou doloroso. http://etimologias.dechile.net/?ansiedad

[3] Psicanálise [al. Psychoanalyse; esp. psicoanálisis; fr. psychanalyse; ing. Psychoanalysis] Termo criado por Sigmund Freud, em 1896, para nomear um método particular de psicoterapia (ou tratamento pela fala) proveniente do processo catártico (catarse) de Josef Breuer e pautado na exploração do inconsciente, com a ajuda da associação livre, por parte do paciente, e da interpretação, por parte do psicanalista.

Por extensão, dá-se o nome de psicanálise:

  1. ao tratamento conduzido de acordo com esse método;
  2. à disciplina fundada por Freud (e somente a ela), na medida em que abrange um método terapêutico,

uma organização clínica, uma técnica psicanalítica, um sistema de pensamento e uma modalidade de transmissão do saber (análise didática, supervisão) que se apóia na transferência e permite formar praticantes do inconsciente;

  1. ao movimento psicanalítico, isto é, a uma escola de pensamento que engloba todas as correntes do freudismo.

Conforme ROUDINESCO, Elizabeth e PLON, Michel. Dicionário de Psicanálise. [Tradução Vera Ribeiro, Lucy Magalhães; supervisão da edição brasileira Marco Antonio Coutinho Jorge.] Rio de Janeiro: Zahar, 1998. p. 603