Educadores Podem Promover e Proteger a Qualidade de Vida e a Vida?

É importante frisar que quando nos referimos e educadores estamos falando de qualquer adulto referência que desenvolva ações educativas, dentro ou fora das escolas. Assim, são também educadores os profissionais que trabalham com projetos sociais, com abrigos, casas de passagem ou qualquer outro espaço que se dedique a cuidar do processo de formação integral de crianças, adolescentes e jovens.

Para que uma ação seja preventiva, basta que ela se volte para a preparação para a vida, ou seja, forneça ferramentas para que a pessoa possa:

  1. Refletir sobre sua visão de mundo: pensar seus valores, analisar a importância e o reflexo dos seus atos, não só para si, como também para o outro (grupo e coletividade), o que significa auxiliá-lo na construção da sua postura ética.
  2. Conhecer-se melhor: ter a oportunidade de pensar suas características, suas potencialidades e fragilidades, seus sentimentos e emoções, de perceber como as outras pessoas a vêm.
  3. Fazer análise de contexto: o que, entre outras coisas é aprender ou aprimorar sua capacidade de analisar o entorno, identificando fatos que possam atingi-la positiva ou negativamente; analisar a repercussão das suas atitudes sobre si e sobre o outro; ter visão crítica sobre os movimentos e a dinâmica dos grupos ou pessoas que a cercam.
  4. Construir seus projetos de vida: planejando a vida a partir de seus sonhos, colocando-se metas adequadas às suas potencialidades e fragilidades, definindo metas a curto, médio e longo prazo. É importante lembrar que na adolescência e juventude as metas são dinâmicas, os projetos vão se modificando de acordo com a maturidade adquirida por meio das experiências vivenciadas, portanto a mudança de rumo deve não só ser possibilitada quanto entendida.
  5. Fazer escolhas mais assertivas: oferecendo a ela ferramentas para que possa pensar em seus desejos, fazer escolhas, aprender um caminho onde a realização dos mesmos possa fazer parte de um projeto de vida mais amplo e sustentado.
  6. Identificar e colocar em prática recursos que possam protegê-la: nesse aspecto é importante que a pessoa, no caso específico o jovem, desenvolva a autorregulação para que possa identificar situações e fatores de risco e saiba até onde pode ir sem colocar em risco seus projetos de vida, sua integridade, sua vida, assim como a dos outros, o que algumas vezes pode ser postergar desejos.
  7. Exercer suas potencialidades: colocando desafios que a/o estimulem a superar suas dificuldades e ampliar suas ditas potencialidades.
  8. Perceber que a vida não é feita só de acertos: possibilitando reflexões sobre seus erros e deles tirando aprendizados que a ajudarão a superar barreiras que normalmente surgem durante a vida.
  9. Perceber que a convivência com o diferente é um aprendizado: orientando o educando na percepção das diferenças e na percepção que elas não só marcam a individualidade de cada um, como também possibilitam a ele colocar-se no lugar do outro. É, em última análise, oferecer condições e oportunidades para enxergar os fatos sobre outros pontos de vista.
  10. Receber informações sobre fatos, situações e comportamentos que possam trazer consequências que o coloquem em risco: o jovem, informado sobre os riscos que podem ameaçá-lo, terá maiores possibilidades de evitá-los, desde que outras necessidades estejam supridas.
  11. Compartilhar sentimentos e emoções em um espaço protegido: é, em última instância, um processo educativo que auxilia o jovem a desenvolver-se, tornar-se mais seguro e mais responsável pelas atitudes que toma.

Todo processo educativo que possibilite aos jovens essas oportunidades é, portanto, preventivo.

Cabe ao educador ter consciência do seu papel de agente de prevenção e planejar suas atividades, levando em conta que apenas informação não garante mudanças, seja ela em que área for, e que, aliados a ela, outros fatores e conteúdos devem estar presentes. Assim, a metodologia que mais se adequa às ações preventivas é aquela que possibilita a manifestação das potencialidades e fragilidades e cria um espaço para que tanto umas quanto outras sejam refletidas e aceitas pelos jovens e pelo grupo.

A metodologia participativa problematizadora é muito adequada à toda atividade preventiva, pois possibilita que o jovem faça parte integrante da construção do conhecimento, da percepção e da ampliação da sua visão de mundo e, também, da construção dos seus projetos de vida. Quando é possibilitado ao jovem refletir sobre seu conhecimento, sobre o contexto que o cerca e estabelecer relações que possam gerar novos conhecimentos, atitudes, certamente se está fazendo prevenção e a proteção à vida.

Implicar o jovem em suas escolhas é uma forma de responsabilizá-lo na construção do seu projeto de vida, sem o qual ele fica à mercê dos acontecimentos e fatos, sem, ou com pouco poder para interferir positivamente nos rumos da sua vida.

Finalizando, o educador, social ou formal, é um agente privilegiado de prevenção, seja ela da saúde física, psíquica ou social, e deve assumir esse papel para que realmente a Vida e a Qualidade de Vida sejam promovidas e protegidas.